No Capítulo 6 do livro de Eclesiastes, o autor contempla as complexidades e desafios da vida humana sob o sol. Ele identifica um mal que aflige as pessoas, onde algumas são agraciadas com riquezas, bens e honra, mas não conseguem desfrutar desses favores divinos, pois, de alguma forma, eles acabam sendo desfrutados por estranhos. Isso é visto como uma situação vã e angustiante, que questiona a justiça divina.
O autor também considera a situação de alguém que tem uma longa vida e muitos filhos, mas ainda não encontra satisfação em sua existência. Nesse contexto, ele compara essa pessoa infeliz a um aborto, sugerindo que a morte precoce pode ser preferível à persistente insatisfação da vida. Ele destaca a escuridão e o desconhecimento do aborto, contrastando com a persistente insatisfação do homem.
Além disso, o autor ressalta a constante insaciabilidade do ser humano, onde mesmo quando trabalha arduamente, seu apetite nunca é plenamente satisfeito. Ele questiona a vantagem da sabedoria sobre a tolice e pondera sobre a busca incessante por prazeres e desejos materiais, comparando-a ao ato fútil de perseguir o vento.
Por fim, o autor reflete sobre a limitação do conhecimento humano em relação ao propósito da vida e ao que o futuro reserva. Ele conclui que a vida humana é efêmera e cheia de incertezas, e que é difícil determinar o que é verdadeiramente bom para o homem.
Essas reflexões levam à necessidade de buscar um significado mais profundo na vida, que vai além das conquistas materiais e das preocupações mundanas, reconhecendo a sua transitoriedade.
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Eclesiastes 6
3 Se alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele;
4 pois debalde vem o aborto e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome;
5 não viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do que o outro,
6 ainda que aquele vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem. Porventura, não vão todos para o mesmo lugar?
7 Todo trabalho do homem é para a sua boca; e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite.
8 Pois que vantagem tem o sábio sobre o tolo? Ou o pobre que sabe andar perante os vivos?
9 Melhor é a vista dos olhos do que o andar ocioso da cobiça; também isto é vaidade e correr atrás do vento.
10 A tudo quanto há de vir já se lhe deu o nome, e sabe-se o que é o homem, e que não pode contender com quem é mais forte do que ele.
11 É certo que há muitas coisas que só aumentam a vaidade, mas que aproveita isto ao homem?