O livro de Eclesiastes, escrito pelo Pregador, filho de Davi e rei de Jerusalém, é uma profunda meditação sobre a natureza efêmera e fútil da vida humana.
Começa com uma declaração impactante: “Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.” Essas palavras ressoam ao longo do livro, destacando a sensação de futilidade que permeia a existência humana.
O Pregador questiona o valor do trabalho árduo e das realizações humanas. Ele nos lembra que, apesar de todo o esforço que dedicamos às nossas tarefas diárias, muitas vezes nos sentimos vazios e insatisfeitos. A eterna repetição dos dias, com o sol nascendo e se pondo, o vento seguindo seus ciclos e os rios fluindo incessantemente para o mar, nos faz refletir sobre a constante mesmice da vida.
Também observa que, ao longo das gerações, a terra permanece inalterada, enquanto as vidas humanas vêm e vão. Ele nos leva a questionar a relevância de nossas ações e realizações em um mundo que parece indiferente a nós. A sensação de futilidade se aprofunda quando ele afirma que nada é realmente novo; tudo o que vemos e experimentamos já existiu nos séculos passados.
Após isso, compartilha sua própria experiência como rei de Israel em Jerusalém. Ele dedicou tempo para buscar sabedoria e conhecimento, mas mesmo essa busca incansável o deixou desencantado. Ele reconhece que, na busca pela sabedoria, há também enfado, e que a busca pelo conhecimento pode trazer tristeza.
Ao longo de suas reflexões, o Pregador nos lembra constantemente da inevitabilidade da futilidade e da transitoriedade da vida humana.
Suas palavras nos convidam a contemplar questões profundas sobre o propósito da existência e a busca por significado em um mundo que, muitas vezes, parece fugaz e ilusório.
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Eclesiastes 1
Tudo é vaidade
1 Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém:
2 Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.
3 Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
4 Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre.
5 Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo.
6 O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos.
7 Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr.
8 Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir.
9 O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.
10 Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós.
11 Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas.
12 Eu, o Pregador, venho sendo rei de Israel, em Jerusalém.
13 Apliquei o coração a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; este enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens, para nele os afligir.
14 Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento.
15 Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular.
16 Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.
17 Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento.
18 Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza.