O capítulo 4 do livro de Eclesiastes aborda diversas reflexões sobre a vida e a condição humana. O autor observa as opressões e injustiças que ocorrem debaixo do sol, lamentando as lágrimas dos oprimidos e a violência nas mãos dos opressores.
Ele chega à conclusão de que os mortos podem ser considerados mais felizes do que os vivos, e até mesmo aqueles que ainda não nasceram são mais afortunados por não terem visto as más ações da humanidade.
O autor também critica a inveja que impulsiona o trabalho árduo e destaca a futilidade de perseguir o sucesso material obsessivamente. Ele compara a ganância e a avareza com o ato de um tolo que se autodestrói.
No entanto, reconhece a importância do trabalho e da colaboração, destacando que é melhor trabalhar juntos do que sozinho, pois há ajuda mútua em tempos de dificuldade.
O texto destaca a importância das relações interpessoais, afirmando que dois são melhores do que um, pois podem se apoiar mutuamente e enfrentar desafios juntos.
Também enfatiza a sabedoria do jovem pobre em comparação com um rei idoso e insensato. O autor conclui que mesmo um jovem sucessor que herda um grande reino não será lembrado por muito tempo, o que reforça a ideia da transitoriedade e vaidade da vida humana.
Em resumo, o capítulo 4 de Eclesiastes oferece uma visão crítica sobre a vida, destacando as injustiças, a futilidade da busca pelo sucesso material e a importância das relações interpessoais e da sabedoria. É uma reflexão profunda sobre a condição humana e a busca de sentido na vida.
———
Eclesiastes 4
As tribulações da vida
1 Vi ainda todas as opressões que se fazem debaixo do sol: vi as lágrimas dos que foram oprimidos, sem que ninguém os consolasse; vi a violência na mão dos opressores, sem que ninguém consolasse os oprimidos.
2 Pelo que tenho por mais felizes os que já morreram, mais do que os que ainda vivem;
3 porém mais que uns e outros tenho por feliz aquele que ainda não nasceu e não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.
4 Então, vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
5 O tolo cruza os braços e come a própria carne, dizendo:
6 Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento.
7 Então, considerei outra vaidade debaixo do sol,
8 isto é, um homem sem ninguém, não tem filho nem irmã; contudo, não cessa de trabalhar, e seus olhos não se fartam de riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, se nego à minha alma os bens da vida? Também isto é vaidade e enfadonho trabalho.
9 Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.
10 Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante.
11 Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?
12 Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.
13 Melhor é o jovem pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que já não se deixa admoestar,
14 ainda que aquele saia do cárcere para reinar ou nasça pobre no reino deste.
15 Vi todos os viventes que andam debaixo do sol com o jovem sucessor, que ficará em lugar do rei.
16 Era sem conta todo o povo que ele dominava; tampouco os que virão depois se hão de regozijar nele. Na verdade, que também isto é vaidade e correr atrás do vento.